domingo, 9 de outubro de 2011

“Assim caminha a humanidade...”


Dia 02 de dezembro fui pra São Paulo com a minha mãe... Tive que ir na minha ortodontista, já que estou no final do meu tratamento e só preciso ir uma vez por ano arrumar o aparelho. A não ser que aconteça novamente o que é mais fácil de me acontecer sempre... Eu acabar indo umas 300 vezes por ano porque perdi meu aparelho... Enfim... Vamos direto ao ponto...

São Paulo é aquela coisa “linda”... Trânsito... Stress... Poluição... Assaltos... Prédios e mais prédios... MUITA DESIGUALDADE SOCIAL... FALTA DE CONSIDERAÇÃO DAS PESSOAS PARA COM O PRÓXIMO...

Nessa minha última ida à São Paulo, notei algo que eu já havia notado há muito tempo, desde que eu morava lá, mas acho que apenas nesse dia que “a ficha caiu” de vez e me fez pensar muito mais do que eu já pensava no assunto.

É incrível como as pessoas deixam passar certas situações como se simplesmente nada estivesse acontecendo, como se o que está diante dos olhos delas não existisse, isso é algo que me incomoda demais. Confesso que depois daquela quarta feira passou do incomodar para o atormentar!

Estávamos no trânsito, minha mãe no volante, eu no banco do passageiro com dois copos de Coca-Cola nas mãos, nós tínhamos acabado de sair do Mc Donald´s. De repente, surge um homem no meio do trânsito pedindo dinheiro... Ele tinha dificuldades para andar e falar, ia em direção às janelas dos carros como se fosse acabar caindo, levava no rosto uma expressão de cansaço causado pelos movimentos que ele fazia ao se esforçar para chegar nos carros, uma expressão de como esses movimentos fizessem com que seu corpo doesse por tanto esforço, carregava pendurado no pescoço uma placa onde ali estava escrito um pedido para que o ajudassem... Não me lembro ao certo o que estava escrito na placa, eu estava mais observando-o e observando a reação das pessoas para com ele.

De todas as pessoas ali paradas, apenas a motorista do carro ao lado e minha mãe separaram uns troquinhos que tinham no console do carro para dar aquele homem que, com tanta dificuldade, apenas pedia por ajuda.

Enquanto ele tentava atravessar a rua até a calçada depois de pegar o dinheiro, vários carros iam “costurando” a rua, o que o impedia de chegar até a calçada e era perigoso para ele, pois podia acabar sendo atropelado. Então a motorista do outro carro conduziu o veículo até a outra pista e minha mãe também até a pista ao lado dela, com o objetivo de “impedir” com que continuassem “costurando” na rua e acabassem por machucar aquele homem, até que ele conseguiu atravessar.

Quando o vi na calçada me deu aquela imensa sensação de alívio por ele estar ali, mas ao mesmo tempo me deu aquele nó super apertado na garganta por ter visto como as pessoas tratam os outros com indiferença. Nunca imaginei que eu pudesse observar tanta coisa assim em alguns minutos no trânsito. As pessoas que subiam os vidros de seus carros no momento em que aquele homem se aproximava delas, as leves “arrancadas” com o carro quando ele chegava na janela, o ignoravam, era como se ele não existisse, como se ele nem estivesse ali.

Me dói muito saber que muitos tomam esse tipo de atitude em relação ao próximo, ainda mais com alguém que é portador de necessidades especiais, que tem dificuldades, como aquele homem. Ao invés de o ajudarem por verem que ele realmente precisava de ajuda, não... simplesmente o ignoraram... Isso me revolta de uma forma que eu acabo não conseguindo me expressar, apenas chorar e chorar e chorar... Como chorei na hora em que presenciei aquela cena, como chorei no caminho de volta pra casa por lembrar do que vi, como estou chorando escrevendo neste momento.

Gostaria muito que o mundo fosse diferente, que as pessoas pensassem diferente, que fossem mais humildes, que se preocupassem mais com o próximo, que tivessem mais consideração pelos outros mesmo não os conhecendo... O que custava ajudar aquele homem naquele momento? O que custava dispensar alguns segundos de seu tempo para dar um pouco de atenção aquele homem? O que custava esperar que ele atravessasse tranquilamente, com segurança, já que tinha muitas dificuldades? O que custava?

Não entra na minha cabeça de forma alguma como as pessoas conseguem ser assim, como conseguem agir de tal maneira, não dando a mínima pra alguém que realmente precisa de ajuda e depois chegam em suas casas, reclamam de suas vidas, reclamam de tudo, apontam inúmeros problemas em suas vidas, problemas estes que geralmente nem são de tanta importância assim e se esquecem de que há pessoas que verdadeiramente precisam de ajuda, que verdadeiramente passam por problemas sérios, muito piores do que os delas, e não têm como serem ajudadas... Quer dizer, até têm como serem ajudadas, mas infelizmente, por causa de uma sociedade completamente egoísta como a que vivemos (sem querer generalizar porque sei que também há pessoas que realmente se preocupam), que não acordam para a realidade e não enxergam que o mundo não gira em torno de seu próprio umbigo, acabam sendo ignoradas, deixadas para trás, vivendo suas vidas na medida do possível sem serem vistas por aqueles que, de fato, possuem condições de ajudá-las, mesmo sendo com pouco, mesmo sendo com o simples fato de dar atenção à elas.

Fico cada vez mais magoada, irritada, chateada (é uma mistura de tantos sentimentos que não dá pra definir) com essa situação. Isso é uma coisa que me corta por dentro.

Falta muita humildade, falta sensibilidade, falta consideração, falta compaixão, falta respeito... Faltam tantas coisas para que a sociedade se torne “boa”... Acho que já está mais do que na hora dessa sociedade acordar para a vida, está mais do que na hora de enxergarem além do próprio mundinho fechado em que vivem, está mais do que na hora de viverem a realidade em que nos encontramos... Está mais do que na hora de entenderem que nós podemos SIM fazer algo pelo próximo, basta ter atitude pra fazer, basta ter vontade de ajudar, e parar de ficarem sentados, sem fazer nada, parados, apenas pensando que algo poderia estar sendo feito e não está. É hora de parar de ficar pensando no “se eu pudesse ajudar...” ou “eu poderia ajudar...” e começar a pensar no “EU POSSO AJUDAR”, “EU VOU AJUDAR”... Sem querer plagiar o meu querido Lulu Santos, assim como no título... Quem sabe assim essa humanidade não pára de caminhar com passos de formiga e sem vontade?


(Marianna Barreto – 07/12/2009)

(Imagem: Google)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Bem vindos!


Olá, sejam bem vindos!

Esta foi a maneira que encontrei para divulgar o meu portfólio.
Neste blog vocês vão encontrar textos meus (publicados ou não), matérias, fotografias, áudios e vídeos de entrevistas, especiais ou documentários, todos feitos por mim.

Sintam-se à vontade para comentar e fazer críticas construtivas ou não.

Agradeço pela atenção.

Um beijo!

Marianna Barreto


(Imagem: Marianna Barreto)
 
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